Segundo o advogado, filósofo e professor brasileiro Sílvio Almeida, “a desigualdade racial é uma característica da sociedade capitalista não apenas por causa da ação isolada de grupos ou de indivíduos racistas, mas fundamentalmente porque as instituições são hegemonizadas por determinados grupos raciais que utilizam mecanismos institucionais para impor seus interesses políticos e econômicos. ”
Almeida explica essa dinâmica de desigualdade racial em níveis individual e institucional: “Quando terroristas brancos bombardeiam uma igreja negra e matam cinco crianças negras, isso é um ato de racismo individual, amplamente deplorado pela maioria dos segmentos da sociedade”. Isso pode ser observado também no Brasil quando os terreiros de cultos de matrizes afro-brasileiras são atacados e destruídos por terroristas ditos cristãos, ou nas comunidades indígenas, que não têm autodeterminação e são tutelados pelo Estado, mas sofrem cotidianamente ataques de latifundiários, grileiros de terras, garimpeiros e madeireiros. Almeida continua sua explicação: “Mas quando nessa mesma cidade - Birmingham, Alabama/EUA – 500 bebês negros morrem a cada ano por causa da falta de comida adequada, abrigos e instalações médicas, e outros milhares são destruídos e mutilados física, emocional e intelectualmente por causa das condições de pobreza e discriminação, na comunidade negra, isso é uma função do racismo institucional”. Outra vez, podemos fazer um paralelo com o Brasil, quando, nas periferias das grandes cidades brasileiras e nas aldeias indígenas, milhares de crianças pobres são deixadas ao léu pelas mesmas razões – falta de comida adequada, abrigos e instalações médicas, e vidas são destruídas e mutiladas física, emocional e intelectualmente por conta da pobreza e da discriminação e da exploração de suas terras. Almeida finaliza assim: “Quando uma família negra se muda para uma casa em um bairro branco, e é apedrejada, queimada ou expulsa, eles são vítimas de um ato manifesto de racismo individual que muitas pessoas condenarão - pelo menos em palavras. Mas é o racismo institucional que mantém os negros presos em favelas dilapidadas, sujeitas às pressões diárias de exploradores, comerciantes, agiotas e agentes imobiliários discriminatórios”. E sim, no Brasil essa discriminação acontece cotidianamente com pobres, negros, indígenas, ciganos, mulheres, LGBTQIA+ e outros grupos marginalizados pelo sistema capitalista, que os desumaniza e explora desde o nascimento até a morte.
Além dos aspectos individual e institucional, há ainda o chamado racismo estrutural, mais complexo e que, na definição de Almeida, seria “uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal” com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e nem um desarranjo institucional”.
Assim, o racismo se manifesta como processo político e histórico, de tal forma que cria as condições sociais para que, direta ou indiretamente, grupos racialmente identificados sejam discriminados de forma sistemática.
Almeida conclui que, “ainda que os indivíduos que cometam atos racistas sejam responsabilizados, o olhar estrutural sobre as relações raciais nos leva a concluir que a responsabilização jurídica não é suficiente para que a sociedade deixe de ser uma máquina produtora de desigualdade racial”.
Isso porque o preconceito encontra-se tão arraigado no tecido social de uma comunidade que apenas a punição não trará uma solução para esse câncer, somente transformando o sistema que produz e reproduz essa realidade é que se poderá falar em soluções, ou seja, somente revolucionando as estruturas de dominação econômica e política de uma minoria burguesa sobre a maioria de escravos assalariados é que poderá ser construída uma sociedade em que os conflitos – raciais, sociais, sexuais, religiosos, culturais e regionais – causados pelas desigualdades sejam minimizados até que desapareçam.
Os burgueses construíram e continuam a construir suas riquezas mediante o mais perverso sofrimento alheio – tortura e violências física e psicológica, e mediante a exploração de mão-de-obra escrava de indígenas e de negros – e agora, de todos os trabalhadores, os atuais escravos assalariados. A manutenção desse modo de vida conflituoso depende da internalização, pelos indivíduos, das condições de funcionamento da sociedade capitalista como parte da “cultura”. A ideologia – e quando esta não for suficiente, a violência física – fornece o remendo para uma sociedade estruturalmente marcada por contradições, conflitos e antagonismos insuperáveis. Esses fatores explicam a importância da construção de um discurso ideológico calcado na meritocracia, no sucesso individual e no racismo a fim de “naturalizar” a desigualdade.
Se o filósofo estadunidense e ativista negro Cornel West concluiu que os EUA são um “experimento social fracassado”, pois, para negros, latinos, indígenas e pobres em geral, sua economia capitalista falhou; o Estado militarizado falhou; sua cultura mercantil, em que tudo e todos estão à venda, falhou, imagina no Brasil, periferia do capitalismo, em que o imperialismo liderado pelos EUA suga o máximo das riquezas e vidas dos trabalhadores em conluio com a burguesia brasileira, entreguista e desumana desde os antepassados coloniais.
Não se pode tolerar a intolerância! Não se pode tolerar e normalizar a exploração, opressão, humilhação e mortes que os burgueses impõem aos trabalhadores, aos pobres e miseráveis. Parça, organize-se coletivamente, estude e pratique a revolução socialista! Vista sua Luta!
Para se informar mais, leia o artigo do Sílvio Almeida no site do Outras Palavras: “Estado racista e crise do capitalismo”. https://outraspalavras.net/outrasmidias/silvio-almeida-estado-racista-e-crise-do-capitalismo/
Assista a entrevista da Lili Schwarcz com Sílvio Almeida sobre racismo estrutural https://www.youtube.com/watch?v=0TpS2PJLprM
E aproveita para assistir também a Rita von Hunty falando sobre “Racismo, coisa de branco” https://www.youtube.com/watch?v=eBfw2WqNDj0
Observação: as fotos com modelos são meramente ilustrativas, não representando propriamente a camiseta vendida, é apenas uma forma de visualizar a arte em uma camiseta semelhante.
Percentual de encolhimento pós lavagem: Comprimento 4/7% Largura 3/5%.
Atenção: As medidas podem variar um pouco, até 3cm pra mais ou pra menos, mas nada que mude o quanto ela vai ficar legal em você!
Técnica de impressão: Silk Digital HD.
Composição: 100% algodão, meia malha penteada, costura reforçada, gola em ribana, 165g, fio 30.1.
Cores do produto: Como cada tela de computador ou celular tem seu próprio jeito de mostrar cores, então a cor da sua camiseta e da estampa pode ser um pouco diferente do que você viu online.