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A violência do oprimido não pode ser encarada como uma simples reação inconsequente à violência do opressor, pois ela deve ter como fim a superação do Estado Burguês e o fim do sistema que reproduz opressões. Diante de um regime de exploração brutal e de cruel violência como o do Brasil, a massa dos trabalhadores explorados (mais de 200 milhões de escravos assalariados ou na miséria extrema) não tem alternativa a não ser a revolta radical e popular. O genocídio dos povos marginalizados – negros, indígenas, ciganos, mulheres, LGBTQIA+ e demais pobres e miseráveis, o encarceramento em massa – principalmente da juventude negra, as formas de dominação total sobre suas vidas, corpos e culturas persistem desde a invasão e ocupação do território pelos portugueses, há mais de 500 anos atrás e nada vai mudar isso sem a derrota da burguesia.

Os movimentos de libertação nacional são de fato legítimos, e enfatizamos que, sem organização política revolucionária, essas revoltas não conseguem adquirir um caráter construtivo, e, portanto, não superam o estado reativo da violência rumo a uma revolução. Como dizia Frantz Fanon (1925-1961, nascido na ilha da Martinica, no Caribe, foi psiquiatra, ensaísta e militante marxista da Frente de Libertação Nacional da Argélia): “só a violência exercida pelo povo, violência organizada e esclarecida pela direção, permite às massas decifrarem a realidade social e lhe dá a sua chave”, pois apenas assim o nível simplesmente racial e racista da opressão burguesa é superado, para enfim, alcançar a consciência de classe e a autodeterminação dos povos oprimidos.

Fanon teoriza que o opressor ensina ao oprimido que o único discurso compreendido é o da violência. Então, o oprimido se revolta e decide se expressar por meio dela: agora é o oprimido quem diz ao opressor que só compreende a linguagem da força. O oprimido compreende que a luta contra a opressão reside simplesmente em uma relação de forças: primeiro, a violência contra o opressor suspende o mundo até então conhecido, em que a única perspectiva de mudança seria a de o oprimido se instalar no lugar do opressor, em um mundo em que o oprimido sonha constantemente em ser como o opressor e despeja seu ódio contido entre iguais; o oprimido demonstra o desinteresse e a recusa absoluta em continuar participando das mentiras e distrações criadas pelo opressor em sua máquina ideológica, pois descobriu a verdade da luta de classes e usa da violência contra o opressor no seu projeto de libertação, calando as bocas dos pacifistas, legalistas e dos partidos da ordem, que pregam, em nome do Estado Burguês, a conciliação de classes. O oprimido sai da letargia da conversa mole dos intelectuais e partidos que apenas criticam o sistema opressor burguês, mas não fazem nada para que ele possa ser derrubado. É o grito do povo oprimido: “os nossos mortos também contam” e isso não se soluciona dentro das regras do jogo.

Fanon continua: em segundo lugar, a violência insurgente cria e usa o antagonismo político como teoria e prática libertadora, mantém e reverte o maniqueísmo da dominação: o opressor continua sendo o inimigo do oprimido, mas ao inverter o “normal” patológico da opressão, a violência restaura a verdade e delimita um antagonista político. Ao criar o antagonismo real, os oprimidos formam uma nova cultura, geram articulação de uma história e de destino comuns, permitem a projeção de um outro futuro e constroem a argamassa da solidariedade forjada com sangue o ódio à opressão. Isso não só restaura a humanidade perdida do oprimido, mas reconstrói os elos de reconhecimento recíproco entre os oprimidos, que passam a se ver como humanos entre todos os outros e criam as condições para que superem suas diferenças, se reconheçam, transformem o ódio em economia política e canalizem o instinto em um superego político, transformando o povo em sujeito histórico na sua luta por libertação.

Por fim, Fanon diz que a violência organizada contra o opressor é cura. A possibilidade de um outro mundo faz a imaginação entrar em festa, o mundo perde o seu caráter maldito, a antiga cultura de dominado sem perspectivas se desfaz e realiza-se o caminho à origem do futuro. A violência contra o opressor é terapia que gera cumplicidade e intenções criadoras com potenciais curativos e ao desnudar o que foi recalcado, reúne as condições para o inevitável confronto com aquilo que traumatizou o oprimido.

É patente na teoria de Fanon a confiança na violência revolucionária como meio de criação do novo, instrumento de ressurreição regeneradora e descolonizante, capaz de destruir a ordem repressiva. A questão da violência deve deixar de ser reduzida a uma discussão de superioridade moral ou monopolizada pelos populismos conservadores de toda ordem, ambas ancoradas no rechaço a transformações radicais.

Fanon nos ajuda a expandir nossa imaginação política e a dar outro estatuto filosófico e político à violência, mais condizente com a tradição dos oprimidos, nos ensina a retomar a radicalidade da estratégia socialista em tempos de morbidez tática. Como ele mesmo aponta em Condenados da Terra, a violência revolucionária precisa ser concretizada no combate ao individualismo, no engajamento em processos coletivos, é parte do movimento de ver o problema de um oprimido como o problema de todos os oprimidos, sem direito à indiferença, à ignorância e à dissimulação. Descolonizar-se é coletivizar-se enquanto se desorganiza um mundo opressor e se organiza um mundo novo.

É isso, parça! A defesa do uso de todos e quaisquer meios necessários para a libertação do povo pobre e miserável, inclusive o uso da violência politicamente organizada pelo oprimido, a qual se normaliza pela violência inicial do opressor é legítima: visto que a “ordem” do Estado Burguês é, por natureza, violenta, ela deve ser destruída para que assim uma nova ordem seja fundada, livre da exploração, da opressão, da humilhação e da morte cotidiana e normalizada pelo Estado Burguês sobre a massa dos trabalhadores pobres e miseráveis. Coletive-se, organize-se e revolucione! Seja Luz em meio às Trevas! Vista sua Luta!

Aproveite e leia o artigo do professor Marcos Queiroz (de onde resumimos e interpretamos essas idéias) sobre “Fanon e a violência revolucionária” https://jacobin.com.br/2020/07/fanon-e-a-violencia-revolucionaria/

Assista o Jones Manoel falando em “Frantz Fanon e a crítica ao liberalismo: violência política e realidade colonial” https://www.youtube.com/watch?v=h1tP_CTywPM

Observação: as fotos com modelos são meramente ilustrativas, não representando propriamente a camiseta vendida, é apenas uma forma de visualizar a arte em uma camiseta semelhante.

Técnica de impressão: Silk Digital HD.

Composição: 100% algodão, meia malha penteada, costura reforçada, gola em ribana, 165g, fio 30.1.

Cores do produto: Como cada tela de computador ou celular tem seu próprio jeito de mostrar cores, então a cor da sua camiseta e da estampa pode ser um pouco diferente do que você viu online.

Tabela de medidas

Percentual de encolhimento pós lavagem: Comprimento 4/7% Largura 3/5%.

Atenção: As medidas podem variar um pouco, até 3cm pra mais ou pra menos, mas nada que mude o quanto ela vai ficar legal em você!

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